Historia da Cartografia

A definição sobre a Cartografia foi estabelecida pela Associação Cartográfica Internacional no Congresso Internacional de Geografia em Londres, 1964, como o conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseados nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, com vistas à elaboração e preparação de cartas, projetos e outras formas de expressão, assim como a sua utilização.

De acordo com CASTRO, 2012, desde os povos primitivos comprova-se a existência do uso da cartografia. Mapearam abrigos, as trilhas para a caça, e as rotas de navegação. Portanto mapear ou representar o espaço são fatos que acompanham a humanidade desde o seus registros mais primórdios.

Segundo CASTRO, (2012, p.19).

Mapa Ga-Sur

“Um dos mapas mais antigos, que se tem notícia foi descoberto nas escavações das minas da Ga-Sur, localizada a 300 km ao norte da babilônia. Representando o vale de um rio (provavelmente o rio Eufrates), tal mapa consiste em uma placa de barro cozido datada de 2500 a.C., na qual as montanhas são representadas por um símbolo semelhante a uma escama de peixe, o rio desemboca por um delta de três braços em um lago ou mar, e o Norte, o Leste, e o Oeste estão indicados por círculos com inscrições.”

Na idade antiga (600 a. C. -300 d.C.), foram inúmeros mapeamentos desenvolvidos pelos babilônios, egípcios, chineses, gregos, muitas em concepções de espaço e mundo limitados, porém em casos pontuais, mapeamentos com certa precisão e valor cientifico. (CASTRO, 2012, p.19).

Segundo CASTRO, (2012, p.21 e p.22).

Mapa de Ptolomeu

“Aristóteles (350 a.C.) formulou argumentos para provar a esferecidade da Terra, descobriu a obliquidade do eixo dela e desenvolveu os conceitos de “equador”, “polo”, “trópicos” e “Klimata” (zonas tórridas, temperadas e frias). Em sua obra Metaphysica, sistematizou e denominou a Geodesia a partir dos métodos de medições elaborados pelos egípcios”. Porém, foi “com Cláudio Ptolomeu (98-168 d. C.) pode se falar, pela primeira vez, de uma autêntica cartografia. No apogeu da Cartografia grega, ele publicou o Guia para a Geografia, em oito volumes. O oitavo volume – Princípios de cartografia, geografia, astronomia, matemática e das projeções – descreve duas projeções, ambas modificações da projeção cônica, que perduram por 14 séculos, até Mercator. Defensor da teoria geocêntrica, Ptolomeu refutou a ideia então vigente que a Terra seria uma ilha cercada por mares e esboçou, pioneiramente, a técnica da transposição da forma esférica para um plano com meridianos e paralelos, estes últimos dividindo nosso planeta em tipos de clima e em zonas tórridas, temperadas e frias.”

No período que compreende a Idade Média (300-1400), conforme CASTRO (2012, p.24), marca o retrocesso da cartografia. Os princípios cristãos e religiosos prevaleciam sobre a sociedade assim como os cartógrafos da época. Porém em meados do século XIII, capitães da frota genovesa criaram as cartas para a navegação no mar Mediterrâneo com um nível de precisão até então desconhecido, faziam medições através de bússolas.

No período Renascentista (1400-1700), com a revolução científica na Europa, CASTRO (2012, p.26), pontua três fatos importantes para o renascimento da Cartografia.

“1) tradução da Geografia de Ptolomeu para o latim (1405): a redescoberta de Ptolomeu foi marcada pelo esforço dos humanistas italianos em recuperar a herança deixada pelos gregos e romanos. Surgiu a Tabulae Modernae, como um complemento dos mapas de Ptolomeu.

2) invenção da imprensa e da gravação (1470): até então, os mapas eram desenhados a mão e seu uso era limitado às cortes reais, companhias de navegação e universidades. As primeiras gravações de mapas foram em madeira, sendo, porém, logo substituídas pelas gravações em cobre, feitas com buril ou estilete. A posição do mapa na chapa é invertida, como se vista em um espelho. Essa técnica perdurou por mais de 300 anos.

3) Os grandes descobrimentos (1490): a invenção da bússola, a elaboração das cartas portulanas e o aperfeiçoamento dos barcos a vela fizeram com que o mundo conhecido dobrasse de extensão.”

Conforme a concepção de CASTRO, grandes cartógrafos se destacaram, com mapeamentos embasados na concepção de mundo de Ptolomeu. O século XVI é marcado pelas grandes navegações, e a inclusão do “novo mundo” na configuração do mapa.

No ano de 1502 pela primeira vez aparece o litoral brasileiro em um mapa. Invenções como o globo terrestre surgiram em 1492, porém somente em 1515 no globo de Juan Schoner, a América e a Terra Australis aparecem pela primeira vez em um globo. O surgimento das escolas cartográficas como a italiana, holandesa, francesa e inglesa. Mas foi a obra de Gerard Mercator (1512-1594), que libera a Cartografia da influência de Ptolomeu, um grande marco na cartografia moderna. Desenvolveu o sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), de grande precisão e utilidade na Cartografia atual, CASTRO, (2012).

Projeção de Mercator

O século XVIII conhecido como a idade da razão, prevaleceu o progresso cientifico, com o avanço na precisão e qualidade dos mapeamentos, graças aplicação de novas técnicas e equipamentos, tal como o cronômetro, usado para o calculo de latitude e longitude, o teodolito com luneta entre outros. No Brasil, no período de 1749 a 1882, foram elaboradas as primeiras representações relativas aos aspectos físicos e políticos. CASTRO (2012, p.33)

Segundo, CASTRO 2012, O período Pós-revolução Industrial no século XX, é marcado pela influência da tecnologia na cartografia. O surgimento da aerofotogrametria possibilitou maior precisão no levantamento topográfico. Mas foi com o aparecimento dos satélites artificiais, na década de 1970 que dinamizou a representação do espaço, com novas possibilidades para o Sensoriamento Remoto, serviu de base para os Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s). – poderosa ferramenta de análise espacial. Junto ao Sistema de Posicionamento Global o GPS, integram as ferramentas do Geoprocessamento.

A massificação da informática influenciou fortemente a cartografia, surgiram novos processos, metodologias, técnicas e equipamentos, houve um ganho expressivo de tempo e precisão nos trabalhos. Na concepção de ROCHA 2007, o Geoprocessamento é um grande marco da cartografia, porém não exclusivamente da cartografia e sim um importante elo entre diversas ciências, artes, filosofias e entidades. ROCHA (2007, p.17), o Geoprocessamento, pode-se dizer que, com o advento da informática na automação de processos, surgiram várias ferramentas para a captura, armazenamento, processamento e apresentação de informações espaciais georreferenciadas. A ligação técnica e conceitual destas ferramentas levou ao desenvolvimento da tecnologia de processamento de dados geográficos, denominada Geoprocessamento.

Por fim ROCHA (2007, p.210), define o Geoprocessamento,

“como uma tecnologia transdisciplinar, que, através da axiomática da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados. A proposta de uso do Geoprocessamento como uma tecnologia transdisciplinar, segundo uma abordagem holística, poderá ajudar na solução de vários problemas enfrentados pela humanidade, deixando uma perspectiva mais otimista sobre o futuro do Planeta Terra.”

Nos tempos atuais o Geoprocessamento e a Cartografia se faz muito presente no cotidiano de todos nós, seja para a sua atividade profissional ou pessoal, o uso do GPS, a internet com os inúmeros aplicativos de mapeamento e rotas, softwares, smartphones, tablets, notebooks, imagens de satélites, bancos de dados, entre outras, contribuíram para o acesso, difusão e aplicação da milenar arte de mapear.

Resumo publicado para Service Map em novembro de 2012, elaborado por Glauber de Oliveira.

Referência Bibliográfica

CASTRO, José Flávio Morais. História da Cartografia e Cartografia Sistemática. Belo Horizonte, MG: Ed. PUC Minas, 2012.

ROCHA, Cézar Henrique Barra. Geoprocessamento: tecnologia transdisciplinar. Juiz de Fora, MG: 3ª Ed. Do Autor, rev. e atual., 2007.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *